Pages

Saturday 7 April 2012

Na solidão de um bar

Longe de tudo o que já vivi e só
A pena é a derradeira amiga
Que teima em mover-se, incessante
Além da folha do caderno, o que resta
É solidão, um vazio constante e real
Vozes distantes, por não se dirigirem a mim
Olhares sutis a se perguntarem pela razão
De um ser humano a escrever e chorar
Visões nubladas pela incompreensão
Pares a se encontrarem sem paixão
Homens reunidos para confabular
Crianças a brincarem pelo espaldar
Jovens a jogar promessas ao ar
E uma mulher a fazer o tempo passar
Impulsionada pela vontade de manter o contato
Com as partes mais íntimas de si mesma
De certeza cá está a implorar por um gesto amigo
Ansiosa por se dar a conhecer e amar
Se já não bastasse esta auto-piedade
Carente de ideais ou de um sólido abrigo
Diante de si a tarefa infindável
De transformar seu sussurro num grito
O desabado é um alívio temporário
Mas esclarece e reforça o desejo
De ser sempre, a cada momento vão
Uma história, uma vida, um ensejo
Não apenas um ente sombrio e só
Que perambula, que se anula ou se esvai
E que recai sempre no mesmo erro
Acreditar que só depende de sua força
Para sentir o coração batendo de emoção.

23/06/2004

Sunday 1 April 2012

Nosso tempo

O meu tempo é o seu, e o seu já se perdeu
Vendeu a sua alma, perdeu a paz e a calma, perdeu foi teu tempo
Não invoca o seu passado, E encobre o que fez de errado
Mas o presente está marcado
A juventude que tinha ao lado
Foi distorcida, deturpada
Hoje é velha, mascarada
Amanhã será velha, falsária
E as razões serão várias
Terá vazão o teu ódio
Perdição a tua vida
Lágrimas de sangue jorrarão
Mas um dia, castos olhos
Para você olharão
E reerguerão os teus alicerces
A esperança dissolverá
A nuvem do teu viver
Chegará um novo alento
A nova era dos conquistadores
Que não serão barrados pelo tempo
Este é o nosso tempo!