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Saturday 7 April 2012

Na solidão de um bar

Longe de tudo o que já vivi e só
A pena é a derradeira amiga
Que teima em mover-se, incessante
Além da folha do caderno, o que resta
É solidão, um vazio constante e real
Vozes distantes, por não se dirigirem a mim
Olhares sutis a se perguntarem pela razão
De um ser humano a escrever e chorar
Visões nubladas pela incompreensão
Pares a se encontrarem sem paixão
Homens reunidos para confabular
Crianças a brincarem pelo espaldar
Jovens a jogar promessas ao ar
E uma mulher a fazer o tempo passar
Impulsionada pela vontade de manter o contato
Com as partes mais íntimas de si mesma
De certeza cá está a implorar por um gesto amigo
Ansiosa por se dar a conhecer e amar
Se já não bastasse esta auto-piedade
Carente de ideais ou de um sólido abrigo
Diante de si a tarefa infindável
De transformar seu sussurro num grito
O desabado é um alívio temporário
Mas esclarece e reforça o desejo
De ser sempre, a cada momento vão
Uma história, uma vida, um ensejo
Não apenas um ente sombrio e só
Que perambula, que se anula ou se esvai
E que recai sempre no mesmo erro
Acreditar que só depende de sua força
Para sentir o coração batendo de emoção.

23/06/2004

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